quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

DÚVIDAS FREQUENTES: eu ou mim; tu ou ti?

Se você já teve dúvidas na hora de usar os pronomes eu e mim ou tu e ti, seguem abaixo as regras para usá-los de acordo com a língua padrão: - os pronomes eu e tu são sempre sujeitos, por isso não podem ser precedidos de preposição; - os pronomes tu e ti funcionam como complemento antecedido de preposição. Considerando tais usos, veja como fica o emprego dessas formas. Diante de verbos, usa-se eu ou tu. Exemplos: Eu saio de casa bem cedo todos os dias. Quando eu comprar um carro novo, farei uma viagem. Trouxeram um livro para eu analisar. (observação: mesmo tendo a preposição para antes do pronome eu, ele está funcionando como sujeito do verbo analisar) Está quase na hora de eu ir para casa. (aqui eu também é sujeito do verbo ir) Tu sabes muito bem essa lição. Observação: quando houver uma pausa (uma vírgula) antes do verbo, usa-se mim ou ti. Exemplo: Para mim (ou ti), terminar essa tarefa agora está difícil. (neste exemplo, o pronome mim não é sujeito de terminar, pois a frase está invertida. A ordem direta dela seria: Terminar essa tarefa agora está difícil para mim.) Depois de preposição, usa-se mim ou ti, porque estes pronomes funcionam como complemento indireto. Exemplos: Ele trouxe o livro para mim. Estão falando de mim. (ou de ti) Entre mim e ela, não há problemas. Entre mim e ti há uma boa amizade. Algumas preposições mais usadas: a, até, para, de, entre, com, em, por...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

NOVA ORTOGRAFIA: acentuação das duplas "ee" e "oo"

Pela nova ortografia, foi eliminado o acento circunflexo, o popular chapeuzinho, das palavras em que há as letras dobradas "ee" e "oo", como em leem, voo e enjoo. Observe como ficaram os dois casos separadamente: - não se acentuam mais os verbos ler, dar, crer, ver e seus derivados (reler, desdar, descrer, prever ...), quando estão flexionados na 3ª pessoa do plural (eles, elas): leem, deem, creem, veem, releem, desdeem, descreem, reveem; ou seja, sempre que a dupla "ee" aparece no final da palavra (com o penúltimo e forte), formando hiato com a terminação -em. Exemplos: As crianças leem os livros que colegas e adultos as motivam para ler. Professores e pais que creem na importância da leitura para a formação dos sujeitos costumam incentivá-las a ter o hábito de ler. - não se coloca mais o acento para sinalizar a vogal tônica em palavras terminadas pela dupla "oo", como em enjoo, voo e perdoo. Exemplos: Muitos passageiros acabam tendo enjoo em voos de longa duração. Mas, é bom ficar atento. Se o último o não estiver sozinho ou seguido de s, a palavra pode se encaixar em outra regra de acentuação, como em herôon (he--on) _ paroxítona terminada em n.

ATENÇÃO: nada mudou em relação à acentuação gráfica dos verbos "ter" e "vir" e seus derivados _ conter, manter, convir, provir; dentro da nova ortografia. Isso significa que valem as regras que existiam antes do Novo Acordo Ortográfico, ou seja, neste caso, o acento circunflexo é empregado para marcar a oposição entre a 3ª pessoa do singular e a 3ª pessoa do plural desses verbos.

Exemplos:

O estagiário vem hoje para trabalhar no setor de informática. (ele vem _ 3ª pessoa do singular)

Muitas celebridades vêm para participar do evento de hoje. (elas vêm _ 3ª pessoa do plural).

Fonte de consulta: Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 5ª edição, Base IX - da acentuação gráfica das paroxítonas.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DÚVIDAS FREQUENTES: a palavra subsídio

Outro dia, fizeram-me a seguinte pergunta: o "s" da palavra "subsídio" tem som de /z/ ou de /s/? Você também já teve essa mesma dúvida? Pois saiba que a pronúncia do "s" da palavra subsídio, aceita pela língua culta, é de/s/, apesar de o uso do som /z/ ser o mais recorrente. O que justifica isso? Quanto à pronúncia, o "s" tem dois sons: /s/e /z/ . Tem som de /s/, quando: - está no início da palavra, como em sair, sabor, selo e sol; - aparece no meio da palavra, antes ou depois de consoante, como em observação, imprensa, compensar, denso, absoluto, subsídio, subsistência e haste, por exemplo. (Portanto, em SUBSÍDIO, o "s" tem som de /s/, porque está localizado logo depois da consoante "b") Tem som de /z/, quando: - está entre vogais, como em asa, mesa, resumo, cuidadoso, camisa e casulo; - nas palavras compostas pelo prefixo trans- seguido por vogal, porque o n é considerado mero sinal de nasalização /ã/, como em transatlântico, trânsito, transação ou transeunte. Note que, se a palavra que vem depois do prefixo iniciar por s, terá som de /s/, afinal já há um "s", escondido, que faz parte da origem da palavra, como em transubstanciação (trans + substanciação) e transexual (trans + sexual). Você deve estar pensando: seguindo tais regras, a palavra transa ( acordo, combinação, negócio; trama; relação sexual) deveria ser escrita com "z", e não com "s", para não ser pronunciada "trança". O gramático Napoleão Mendes de Almeida ajuda-nos a esclarecer mais esta dúvida. Segundo ele, "sempre que o étimo de uma palavra nossa acusar s, esta consoante deverá ser conservada em português; (...)". Se procurarmos a origem da palavra transa, saberemos que ela é uma forma reduzida da palavra transação, a qual é escrita com "s" que tem som de /z/. É possível, portanto, concluir-se que o "s" da palavra transa, em função da sua origem, pronuncia-se como /z/. Observação: a palavra obséquio, de acordo com o mesmo gramático, "tem som acidental de /z/, ou seja, entende-se que é uma exceção. Fontes de consulta: GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, de Napoleão Mendes de Almeida, Ed. Saraiva, 2005, p. 41 e 42. DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA, Editora Objetiva, 2001, p. 2749.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

NOVA ORTOGRAFIA: acento em "i" e "u" antes de ditongo

Pela nova ortografia, não se usa mais acento agudo sobre o "i" e "u" tônicos, precedidos de ditongo* decrescente. Mas a regra só vale para palavras paroxítonas**.
Exemplos: feiura; baiuca; taoista; bocaiuva; maoismo; saiinha; tauismo. ATENÇÃO:
- o acento permanece em palavras, como Piauí e tuiuiú, mesmo tendo um ditongo decrescente antes do "i" e do "u" , porque elas são oxítonas***; exceto se terminarem por uma consoante diferente de "s", as vogais "i" e "u" não serão acentuadas, como em: cauim, cauins;
- todas as palavras proparoxítonas**** continuam sendo acentuadas, mesmo quando o "i" tônico está precedido de ditongo, como em: feiíssimo;
- a palavra "guaíba" continua sendo acentuada, porque o "i" tônico está antes de ditongo crescente*****.

* encontro de duas vogais na mesma sílaba ** penúltima sílaba mais forte *** última sílaba mais forte ****antepenúltima sílaba tônica ***** a semivogal vem antes da vogal

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DÚVIDAS FREQUENTES: óculos, costas, quites, clipes...

Você já se deparou com uma dúvida na hora de fazer a concordância das palavras "óculos", "costas, "quites" e "clipes"? Então aí vão algumas dicas para ajudá-lo(a) nessa tarefa: - as palavras "óculos", "costas", "quites" e "clipes" são os plurais de "óculo"* "costa"**, "quite"*** e "clipe"****, por isso, devem concordar com as outras palavras que as acompanham; - é comum confundi-las com palavras terminadas por "s" e que não variam no plural, ou seja, têm uma única forma para o singular e para o plural, como "pires", "ônibus" e lápis", dessa forma, não precisam concordar com outras palavras ligadas a elas; - a regra básica de concordância nominal é a de que os adjetivos, pronomes, artigos e numerais concordam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) com os substantivos que acompanham. Então: Coloquei a xícara sobre o pires ou as xícaras sobre os pires. Perdi o meu ônibus ou aqueles ônibus. Comprei um lápis ou quatro lápis. Mas Vou levar os meus óculos ou o meu óculo para o conserto. (justifica-se o plural "óculos" por ser um par, da mesma forma que meias ou luvas, por exemplo) Estou com dor nas minhas costas, porque quebrei uma costa. (atualmente é raro o uso de costa, no lugar de costela _ palavra da qual se origina costa). Escrevi nas costas da sua mão. Estou quite com meus funcionários, e eles estão quites com a empresa. Coloque um clipe naquele documento sobre a mesa e guarde os outros clipes na caixa, por favor. Observação: o mesmo raciocínio pode ser seguido para a palavra parênteses, ou seja, existe a forma singular: parêntese. Assim: Ao abrir um parêntese, para fazer uma explicação, termine esta com outro parêntese, ou seja, a explicação ficará entre parênteses.

* Óculo: qualquer instrumento composto de lentes que auxiliam a vista; cada uma das lentes dos óculos.** Costa: originada da palavra mesma palavra atina, o mesmo que costela.*** Quite: livre da dívida, de obrigação.**** Clipe: pequena peça de metal ou matéria plástica, usada para juntar papéis.

Fonte de consulta: Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Editora Objetiva, 2001.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

NOVA ORTOGRAFIA: acento diferencial

Pela nova ortografia, NÃO se usa acentro gráfico para distinguir as palavras que possuem mesma grafia, mas significados diferentes (homógrafas), como: -para (verbo ou preposição). Exemplo: Para o carro aqui que eu quero voltar para casa! - pela(s) (verbo, substantivo ou contração per+la). Exemplo: O criador pela os carneiros e os retorna ao campo pela mesma passagem. - pelo(s) (verbo, substantivo ou contração per+lo). Exemplo: Eu pelo os pelos do meu cachorro toda semana, no verão, porque os vejo crescerem rapidamente pelo corpo todo dele, nessa época. - polo(s) (substantivo ou por+lo(s) antigo e popular). Exemplo: O polo daquela universidade tem o símbolo do pôlo (falcão ou gavião com menos de um ano). ATENÇÃO: ficam mantidos os acentos diferenciais nas palavras: - pôr (verbo), para diferenciar-se de por (preposição). Exemplo: O manual ensina como pôr a roupa na máquina e deixá-la limpa por mais tempo. - pôde (pretérito perfeito do indicativo _ passado), para se diferenciar de pode (presente do indicativo _ presente). Exemplo: Naquele dia, ele pôde fazer uma transferência entre contas, mas hoje não pode mais.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DÚVIDAS FREQUENTES: gratuito ou gratuíto?

A palavra “gratuito”. 


Se a sua dúvida é: a palavra “gratuito” tem acento? Não fique com ela nem coloque o acento na palavra.

É comum ouvirmos as pessoas pronunciarem o “i” da palavra “gratuito” com maior intensidade (tônico, forte). Exemplo: Fazendo a matrícula, o material didático é gratuíto.

Entretanto, se fosse assim, levando em consideração as regras de acentuação gráfica do Português do Brasil, o “i” dessa palavra obrigatoriamente receberia um acento agudo (gratuíto). Mas esta não é a forma que os dicionários a registram. Em todos os dicionários da Língua Portuguesa no Brasil, a palavra "gratuito" é registrada sem acento.

Então por que a maioria das pessoas pronuncia o "i" com maior entonação?
A confusão acontece pela falta de conhecimento das regras de acentuação gráfica.
Embora, na Língua Portuguesa, quase todas as palavras tenham acento tônico (intensidade sonora com que se pronuncia certa palavra), somente algumas têm acento gráfico (sinal utilizado para indicar a sílaba tônica).
Para evitar confusões na pronúncia, existem as regras de acentuação gráfica. E não há exceções para elas. Dentro dessas regras, o fato de a palavra “gratuito” não ser acentuada graficamente é uma indicação de que a sílaba tônica é -tui.

Podemos descobrir isso por eliminação:

- se a sílaba tônica fosse a primeira –gra, teria necessariamente acento gráfico (grá-tui-to), porque seria classificada como uma proparoxítona (antepenúltima sílaba tônica), e todas as proparoxítonas são acentuadas graficamente, como “rá-pi-do” e “es-te-re-ó-ti-po”, por exemplo;

- se o “i” fosse tônico, também teria que ser acentuado graficamente (gra-tu-í-to), porque constituiria um “hiato” (encontro entre duas vogais, pronunciadas em sílabas diferentes, uma imediatamente seguinte à outra); e assim entraria na regra de acentuação dos hiatos: “acentue o i e o u tônicos, quando forem a segunda vogal do hiato: saída, saúde.” (NOSSA GRAMÁTICA COMPLETA SACCONI: teoria e prática, 29ª edição, p. 63);

- só nos resta colocar a tonicidade na penúltima sílaba (-tui). E neste caso, a palavra é classificada como paroxítona terminada em “o”, portanto, não deve ser acentuada, como em “ba-ba-do”, “tra-ba-lho” e “in-tui-to”.

Segundo SACCONI, “ Quem diz “récorde” (em vez de recorde) ou “gratuíto” e “circuíto” (em vez de gratuito, circuito), comete silabada, que é o nome que se dá ao erro prosódico.” (2008, p. 61)